Você já experimentou o que significa perder alguém que você ama, com quem você viveu lado a lado por tantos anos, ou que veio numa forma ou outra a formar a sua família? A dor da perda não é só um momento passageiro, mas é algo que entra e começa a fazer parte da nossa história e nunca o vazio deixado por alguém poderá ser preenchido. É sempre vazio. Para nós, que temos fé, o nosso olhar se levanta para o céu, onde será a nossa morada eterna e onde todos nos reuniremos na grande família do céu onde, como a Igreja reza, não haverá mais choro e nem tristeza porque a visão de Deus preencherá o nosso coração.
Reunir-se aos que já se foram é o desejo sutil que permanece no coração dos que ficam, de cada um de nós, peregrinos, quando acompanhamos alguém ao cemitério ou rezamos por ele. A família sente profundamente esta amizade, construída no amor e na vida ao longo dos anos. Hoje em dia as famílias, cada vez menos fortes nos laços do amor, pode ser que sintam menos a morte dos entes queridos, mas há momentos em que na nossa memória, na nossa oração, a figura paterna, materna, ou do esposo e esposa, ou de um filho perdido, ou de um irmão que nos deixou, se faz mais forte. São João da Cruz, falando do desejo de Deus, diz que “esta enfermidade da saudade não se pode curar a não ser com a presença e com a figura”. Esta expressão, poderíamos também aplicá-la à família humana.
O desejo de ver os que nós amamos, de estar com eles, é permanente. Por isso a Igreja teve sempre um amor muito grande para com os mortos. O nosso coração tem leis que a matemática não explica e desejos que a psicologia não sabe o porquê. É algo que foi colocado por Deus dentro de nós, faz parte do nosso DNA.
O amor, quando é verdadeiro, não morre com a morte, ele continua presente em nós. A fidelidade não é passageira, ela, mesmo aqui na terra, tem o sabor da eternidade. Eu gosto muito do dia de Finados. Não é para mim dia de tristeza e nem dia de amargas recordações, mas sim o dia da esperança, onde espiritualmente me uno a tantas pessoas que me precederam para com elas agradecer a Deus o dom da vida aqui e o dom da vida eterna. O nosso corpo, semente de vida, dorme esperando o dia em que será chamado para acordar para sempre e louvar a Deus com cânticos novos.
Você recorda os seus familiares falecidos, colocando intenções nas missas? Reza por eles? O que de mais belo podemos fazer pelos nossos mortos é rezar por eles, é o que a fé e o amor nos pedem.
Frei Patrício Sciadini – OCD
FONTE: Revista O Mílite
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